A arte cura, a música eleva, o espirito se encanta

Mulher Novilho do Bufalo Branco

Certa vez dois jovens caçadores da tribo Sioux, viram uma jovem caminhando descalça e devagar, como uma visão, através das mansas colinas das pradarias. Eles haviam subido no topo de uma dessas colinas em busca de caça. Ao longe observaram um vulto, estavam seguros de era um vulto humano. Retendo o fôlego eles esperaram olhando atentamente para o local. Por fim no alto da colina apareceu uma moça maravilhosa trajando vestes de corça branca, enfeitada com desenhos primorosos. Levava a tiracolo uma sacola de pele, uma pena de águia trançada nos seus cabelos negros, reluzia a luz do sol.

O primeiro dos bravos guerreiros, deu voz ao seu desejo de acasalar-se com ela, O outro disse a ele "esta mulher é sagrada, uma visão que jamais deve ser abordada desta maneira. Mas para sua surpresa, a mulher de branco sorriu e disse: "Venha. Você terá o que deseja".

Então o homem com intenções impuras se aproximou da mulher, e nesse momento uma grande nuvem envolveu os dois. Quando a nuvem se dissipou a mulher estava em pé e do homem sobrou seu esqueleto cobertos de vermes, bezouros e uma nuvem de moscas.

Foi então que A Mulher Novilha do Búfalo Branco que era a forma na qual o Grande Espírito tinha vindo para ensinar ao povo das planícies falou ao jovem bravo que estava só: " o homem que olha primeiro a beleza a beleza exterior de uma mulher nunca conhecerá sua beleza divina pois há pó em seus olhos e ele é como um cego. Mas o homem que vê na mulher o espírito do grande do Grande SER e que vê primeiro a Beleza de seu espírito e sua verdade, esse homem conhecerá a Deus nesta mulher; e se ela quiser se deitar com ele esse homem compartilhará com ela um prazer mais pleno do que jamais poderia acontecer ao primeiro. E tudo será como deve ser.

Ela continuou dizendo -"Então meu jovem amigo, não tenha medo. você também terá o que deseja. Você e seu amigo simbolizam dois caminhos que os homens da tribo podem tomar. Se procurar primeiro a sagrada visão do Grande Espírito, estará vendo da mesma forma que o Criador, e por isso você saberá que aquilo que você necessitar da terra sempre chegará as suas mãos. Mas se preferir primeiro, esquecendo o espírito, satisfazer seus desejos terrenos, você morrerá por dentro.

Foi então que o jovem caçador perguntou quem era ela. Por um momento, com seus olhos negros como poças de trevas entre as estrelas, ela olhou fundo nos olhos do caçador como se o seu proprio olhar fosse a resposta.

"Eu sou o espírito da verdade". Sou a grande mãe que vive dentro de cada mãe, a moça que brinca em cada criança. Sou a face do Grande Espírito que seu povo esqueceu.

"Vá até seu chefe Chifre Oco Em Pé e diga-lhe que prepare uma tenda espaçosa para abrigar todo o seu povo e aguardar a minha chegada. Quero passar-lhes algo muito importante."

O homem comunicou o acontecimento a Chifre Oco Em Pé, que prontamente mandou construir uma grande tenda.

Ao terminar a tenda e reunir o seu povo, a mulher misteriosa chegou. Ela aproximando-se tirou sua bolsa dos ombros, e, segurando com ambas as mãos entregou ao chefe dizendo:

"Olhe para esta bolsa e ame-a sempre. Ela é muito sagrada, e deves trata-la como tal Dentro dela há um cachimbo sagrado para teu povo enviar suas vozes ao Grande Espírito, teu Pai e Avô."

Essa mulher apresentou-se como Mulher Novilho Búfalo Branco. Ela explicou o procedimento ritual para o uso do cachimbo, e os sete ritos em que o cachimbo deve ser usado. No final, quando ia embora falou :

" Com este cachimbo, os seres de duas pernas aumentarão em número e a eles virá tudo o que é bom. "

Dando a volta pela cabana, na direção do movimento do Sol, ela foi embora, depois de caminhar por uma curta distância olhou para trás para o povo e sentou-se. Quando voltou a levantar, o povo se assombrou, pois ela se transformou em um novilho de búfalo vermelho e castanho. O novilho andou por uma pequena distância, deitou e rolou no chão, e quando levantou era um búfalo branco. O búfalo branco andou por uma pequena distância, deitou e rolou no chão, e quando se levantou, era um búfalo negro, que se afastou de desapareceu no alto de um morro.

Segundo Campbell, a mulher wakan ( sagrada ) é o aspecto feminino do búfalo cósmico. O Búfalo Cósmico é o símbolo do Universo em seu aspecto temporal, lunar, morrendo e ressuscitando sempre, e suas 28 costelas representam os ciclos da lua. Um símbolo de renovação. Ela mesma era o novilho vermelho, cor da Terra, idêntica a cor do fornilho do cachimbo, mas também a mãe, o búfalo branco; e a avó o negro.

Segundo Campbell, a mulher wakan é o aspecto feminino do Búfalo Cósmico.

Uma forte simbologia para os participantes da cerimonia do cachimbo sagrado, é que quem o leva a boca, deve manter os seus pensamentos puros, limpos e boas intenções

Tchamnupas cachimbos sagrados

Tchamnupas cachimbos sagrados
Mulher Novilha do Bufalo Branco

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Prece da Amazonia -


CONSELHO INTERNACIONAL DAS TREZE AVÓS NATIVAS 
Nossa Semente

Vivemos hoje num mundo esquecido, um mundo povoado de ilusões e carente de significados. Tanta guerra, tanta profanação! Entretanto, tão bonita é a Criação , que tem conforto e paz, e tem os elementos que nos compõem e nos irmanam a toda a natureza, e tem as quarto direções que nos orientam!
Tão simples e bela, que nos inspirou esta caminhada até aqui, nos dias de hoje. E, apesar de toda a guerra, em nosso interior se expande uma centelha de esperança e esta esperança é a mensagem que nos chega de nossos ancestrais, nossos avós, bisavós, tataravós, que nos sopram seu alento e nos protegem de todo esquecimento.
Ao longo do tempo, as profecias sinalizaram que  chegaria o momento da transmutação da humanidade e que as mulheres estariam à frente deste processo. E aqui estamos, trazendo a nossa semente.


Prece da Amazônia

De joelhos sobre a Terra, mergulho minha consciência em meu coração. Em concentração, procuro alegria, semente sagrada pelo Grande Espírito em mim semeada, à semelhança da vida multiplicada. Em meu coração habita esta chama, sou filha da Terra, irmã das estrelas, meu pai é o Sol. De joelhos na Terra, em prece silenciosa, me irmano ao Criador, num rogativo de paz. Peço paz ao Senhor da Criação, peço a paz do universo para que abrace o planeta Terra e restabeleça a harmonia dos elementos.
Aqui, do coração das verdes florestas, de joelhos sobre a Terra, sinto em mim um grande abalo, um fogo revolto que seca meu pranto e dói minha alma, não sei compreender. Porque, Grande Espírito, pulsa em mim esta dor? Do fundo da Terra me vêm os gemidos, convulsão dos sentidos, não sei compreender. Porque, Grande Espírito, minha Mãe foi ferida, sua paz destruída? Não sei compreender. De joelhos na Terra, me abraço com ela, minha Mãe de bondade, de tanta beleza, Vós sois a natureza, não podes morrer. Vós sois tão bonita, tão misteriosa, sois tão pequenina e sois grandiosa. Eu confio em Vós, Mãe da fertilidade, que a vossa verdade vai sobreviver. Peço ao Grande Espírito, Vós olhais por nós, não nos deixe morrer. Este grande tesouro, esta diversidade, aqui na floresta, precisa viver.
Ó! Grande Espírito, protegei a Floresta! Sua verde presença representa a esperança da humanidade. Confortai vossos filhos. Vós tenhais piedade! É tão linda a floresta, com todos  seus seres! Suas fontes de águas, nascentes cristalinas, cantam doces canções, dão conforto a seus filhos, vão nascendo, nascendo, vão formando seus rios, vão correndo, correndo, até chegar no mar. Tantas formas de paz e de revelação. Tem os lagos serenos e profundos, tem os igarapezinhos e tem as cachoeiras. Todos os animaizinhos, todos os passarinhos, os bichos bem grandes, os homens, as mulheres e as criancinhas, e também as plantinhas, as grandes árvores, os cipós, todos seres, recebem o frescor desta vida que brota da Terra. As nascentes das águas representam a vida. Ó! Grande Espírito, não as deixe secar! O perfume das flores, o canto da avezinhas e das rãzinhas, esta orquestra divina, precisam das águas para poder viver e continuar esta bela missão de sempre vos louvar.
Precisam das águas e precisam do ar, deste ar muito puro que nos dá o alento e o discernimento de vos adorar. Ó! Grande Espírito, soprai vossos ventos sobre o planeta Terra, afastai estas nuvens de esquecimento que escurecem as mentes e os corações da humanidade. De joelhos na Terra, eu peço, Ó! Grande Espírito, curai a doença da humanidade, o esquecimento da vossa verdade. Ó! Fogo Sagrado, essência divina, brilhai vossa chama de claridade, despertai a memória da humanidade.

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